De todas as operações já feitas pela Polícia Federal, nenhuma é tão explosiva quando a Porto Seguro. Mais do que revelar um esquema de venda de pareceres na máquina pública, que poderia favorecer interesses bilionários, como o do porto privado sonhado pelo ex-senador Gilberto Miranda (e talvez com o apoio de Michel Temer e José Sarney), a ação da Polícia Federal tem um impacto político ainda não totalmente decifrado. E suas labaredas não foram controladas.
Pela primeira vez, uma operação entrou no gabinete da presidência da República. Além disso, constrangendo o ex-presidente Lula em questões íntimas. Por isso mesmo, é o grande teste da relação entre Lula e atual presidente Dilma Rousseff (leia mais aqui).
Por ser tão sensível, a operação levantou algumas questões centrais: o ministro José Eduardo Cardozo sabe do que se passa na Polícia Federal? (leia mais aqui). Além disso, houve falha dos órgãos de inteligência do governo? (leia mais). Em entrevista, Cardozo defendeu sua posição e disse que não se pode controlar o trabalho da Polícia Federal (leia aqui).
Mas, neste fim de semana, texto da revista Veja, intitulado "O último a saber da operação", informa que a presidente Dilma cogitou demiti-lo. "A presidente Dilma Rousseff soube da Operação Porto Seguro pouco depois das 8 da manhã da sexta-feira por um telefonema de Luís Inácio Adams, advogado-geral da União. Adams havia sido acordado minutos antes por seu número 2, José Weber Holanda, um dos investigados. Dilma pediu para localizar o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, mas ele não atendia aos telefonemas. Já irritada, a presidente só conseguiu falar com o ministro duas horas depois, quando soube que ele não tinha conhecimento de nada (…) Três dias depois, Cardozo não conseguia dizer à chefe com segurança se havia ou não escutas telefônicas envolvendo Rosemary e o ex-presidente Lula".
Segundo a reportagem, Dilma só não demitiu Cardozo por "temer passar a imagem de que não aceita que a PF investigue seu governo". A dúvida sobre se há ou não grampos relacionados ao ex-presidente Lula, no entanto, persiste. A declaração do delegado Roberto Troncon, responsável pela operação (leia aqui), não bate com a da procuradora Suzana Fairbanks, que acompanhou o caso pelo Ministério Público (leia aqui).
Fonte: Brasil 247
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