“Polícia militar brasileira é instrumento das elites”, diz José Afonso da Silva
Rachel Duarte
Elogiado por combater os abusos e mortes de umas das polícias
militares mais violentas do país, o jurista e ex-secretário estadual de
Segurança Pública de São Paulo José Afonso da Silva afirma que o ciclo
vicioso que protege os abusos cometidos pela polícia militar é antigo e
trabalhoso para mudar. O homem que reduziu de 60 para próximo de zero o
número de mortes em abordagens policiais das Rondas Ostensivas Tobias de
Aguiar (Rota), entre os anos de 1995 a 1999, conta que fiscalizar os
policiais e oferecer atendimento psicológico foi um caminho encontrado
na época. “Ninguém que mata outra pessoa está em condições emocionais
normais”, acredita.
Mineiro e residente desde 1947 em São Paulo, o indicado pelo
ex-governador Mário Covas é especialista em Direito Constitucional e
acredita na união das polícias para redução da violência policial. “A
Polícia Militar não precisa acabar, mas deveria ter funções reduzidas e
ser subordinada à Polícia Civil”, afirma em entrevista ao Sul21.
Mesmo afastado da área há 15 anos, ele mantém opiniões que servem para
compreender casos atuais como o recente conflito entre a Brigada Militar
e manifestantes em Porto Alegre. “Não precisamos de casos tão
agressivos para que os governos mudem de postura. É preciso sempre
apurar os fatos antes de fazer a defesa da polícia”, diz.
“Não é função da policia combater inimigos, fazendo ela própria o julgamento. Mesmo que seja um delinquente, nunca a reação deve ser agressiva demais ou para matar”
Sul21 – Há um grande número de denúncias de abuso da polícia
militar no Brasil. O senhor acredita que este problema se resolveria com
qualificação da formação policial ou mesmo com o fim da policia
militar, como sugeriu a ONU ao Brasil?
José Afonso da Silva – Não acredito que a forma mais
radical seja a adequada. O que eu proponho e propus quando fui
secretário foi unificar as polícias. A polícia repressiva ostensiva
funcionaria dentro da Polícia Civil. Existiria uma força policial
militar com atuação bastante reduzida. A força fardada ou uniformizada
nas ruas é necessária, no meu entender, para situações especiais, como
dissuasão de conflitos de ruas mais sérios, que necessitassem de
controle. Não acredito que precise acabar com a polícia militar,
portanto. É preciso ter esta força ostensiva orientada e controlada
dentro da Polícia Civil. Teríamos o policiamento ostensivo nas ruas e a
polícia judiciária para investigar os crimes e encaminhar processos
criminais.
Sul21 – O senhor chegou a apresentar uma proposta de
integração das polícias no governo Fernando Henrique Cardoso. A
proposta, porém, não prosperou. Por quê?
José Afonso da Silva – Foi podado, na época pelo José Gregori (ex-secretário dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça).
Ele tentou formar uma Comissão para analisar o assunto, mas no final
das contas não vingou. Não acho que seria uma solução para todos os
problemas da segurança, mas seria importante para evitar a violência
policial.
Sul21 – O treinamento das polícias as prepara para o policiamento ostensivo e a abordagem policial correta?
José Afonso da Silva – A Polícia Militar não faz
guerra, quem faz guerra é o Exército. Os soldados do Exército é que são
treinados para combater. Nas guerras é que o objetivo é a morte de
inimigos. O problema é que a Polícia Militar quer imitar as Forças
Armadas e sair combatendo inimigos, o que não é sua função. A segurança
externa do país e eventuais conflitos armados externos em que o Brasil
participa são funções das Forças Armadas, onde se exige o enfrentamento
letal para vencer a guerra. No trabalho da polícia se combatem
delinquentes, na medida em que eles possam ser submetidos a um
julgamento justo e condenados ou não pelo Judiciário. Esta é a função da
polícia. Não é função da policia combater inimigos para matar, fazendo
ela própria o julgamento nas ruas. Isso não quer dizer que o policial
que está na rua fazendo o seu trabalho e eventualmente for agredido não
possa reagir. Ele deve reagir, mas, mesmo que seja um delinquente, nunca
a reação deve ser agressiva demais ou para matar.
José Afonso da Silva – Foram feitas várias coisas.
Primeiro eu tentei estabelecer uma fiscalização para verificar a
violência policial tanto na Policia Militar como na Policia Civil. Criei
um ombudsman na secretaria para isso. Eu também chamei o
comandante e mandei tirar os matadores da rua. Quem estivesse executando
as pessoas deveria ser retirado do trabalho externo. Também criei o
programa Proar, que tirava o policial matador da rua e oferecia
atendimento psicológico de seis meses. Neste período ele ficava apenas
circulando no centro da cidade, sem participar de operações. Nós
pressupomos que qualquer pessoa que mata a outra tem sérios problemas a
resolver. Mesmo quando a PM diz que é em defesa própria, isso não pode
ser interpretado como uma coisa natural. Se eu matasse alguém me
sentiria muito mal, por exemplo. O policial que estava com comportamento
de risco era afastado das ruas e fazia um policiamento a pé, dentro do
conceito de polícia comunitária. Os policiais militares que atuam no
sistema atual de segurança em São Paulo estão sofrendo violências muito
grandes. Estão ocorrendo muitas mortes de policiais militares. A Polícia
Militar que provoca violência recebe violência. É o que está
acontecendo. Uma guerra que não era para existir. Nenhum cidadão deve
morrer e nenhum policial deve matar. Violência sempre provoca violência,
em qualquer situação.
fonte: noticiasdapc
Arari Ma
ResponderExcluirO MAIS LAMENTÁVEL E "INEXPLICÁVEL" DE TODA ESSA SITUAÇÃO, É ANDARMOS PELO MUNICÍPIO E VERMOS A INSATISFAÇÃO E A TRISTEZA DO POVO COM TAL RESULTADO, OU ESTOU ENGANADO?? ALGUEM TA SENTINDO A POPULAÇÃO ARARIENSE FELIZ E SATISFEITA?? VAMOS TODOS DEIXAR DE HIPOCRISIA E ENCARAR A REALIDADE, INACREDITAVELMENTE AINDA EXISTEM PESSOAS QUE VENDEM SEUS VOTOS POR ESMOLAS E FAVORES, ESQUECENDO-SE DAS POSTERIORES CONSEQUENCIAS.. CONSEQUENCIAS ESSAS QUE NOS COLOCARAM NESSE DESCASSO E CALAMIDADE ATUAL. E AOS QUE NÃO ENTEDERAM AINDA, DIGO, QUE ISSO NÃO É CULPA DO ATUAL "GESTOR", NEM DO SEU GRUPO, E MUITO MENOS DE DEUS(já que muitos dizem ser feita sua vontade), O VERDADEIRO E ÚNICO CULPADO É O PRÓPRIO POVO ARARIENSE. POIS TODO POVO TEM O GOVERNANTE QUE MERECE, E DEUS NÃO FAZ POR NÓS O QUE NÓS MESMOS PODEMOS FAZER, ELE NOS DAR SIM, O LIVRE ARBÍTRIO TE FAZERMOS NOSSAS ESCOLHAS, SEJAM ELAS CERTAS OU ERRADAS.. E NÓS QUE AMAMOS ESSA QUERIA TERRA PRECISAMOS DEIXAR DE SERMOS ACOMODADOS E NEGLIGENTES COM NOSSO POVO E NOSSO MUNICÍPIO.. R E F L I T A ! ! ! ! !