quarta-feira, 13 de março de 2013

Polícia Civil vai assumir inquérito após novo erro

Justiça concede habeas corpus ao quarto acusado pelo Ministério Público e PM de integrar o tráfico no Caju. Agentes procuram cemitério clandestino em antiga unidade de Saúde
 
13 de Mar de 2013
O Dia online
 
Alexandre Vieira / Agência O Dia
Terreno pode ter sido usado como cemitério clandestino por traficantes
POR Felipe Freire

Rio - Após a Justiça conceder habeas corpus a quatro dos dez acusados na investigação do Ministério Público de integrar o tráfico de drogas no Complexo do Caju, na Zona Portuária, o inquérito foi remetido esta semana à 17ª DP (São Cristóvão) para "consertar" equívocos.

O MP indiciou os suspeitos com base em relatório do Serviço de Inteligência da PM. No sábado, a Defensoria Pública estadual entrou com o pedido de soltura da quarta pessoa, Jonathan Jailton Vieira, de 25 anos.

Há seis anos trabalhando com carteira assinada em uma empresa de elevadores, ele teve o mandado de prisão expedido por associação ao tráfico de drogas e roubo de carros, e ficou preso por cinco dias. Sua foto, inclusive, continuava nesta terça-feira à noite exposta no site do Disque-Denúncia (2253-1177) como procurado.

Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia

Terreno pode ter sido usado como cemitério clandestino por traficantes

Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia

O MP, porém, afirma que desconhece o equívoco de identificação no caso de Jonathan. O órgão afirma que "identificou" erros apenas nos casos de Rodrigo da Silva e Fábio Dutra. Além disso, W., de 17 anos, estagiário do Ministério Público, teve a imagem associada à de um traficante.

Covas ao redor de árvores

O terreno onde funcionava o Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião, no Caju, pode ter sido usado como cemitério clandestino por traficantes que agiam na região antes da chegada das forças de segurança, que ali implantarão Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).

Nesta terça-feira, investigadores da 17ª DP vasculharam o local, que possui vários blocos, onde teriam sido enterrados bandidos rivais e desafetos da quadrilha. Horas depois, em uma cisterna que fica numa mata no interior da propriedade, PMs encontraram armas e drogas.

“Deve haver mais de dez corpos ali. Era comum executarem inimigos ou vítimas na comunidade e enterrar entre os blocos A e B. As covas eram feitas em volta de árvores. Por isso, os bandidos nunca deixaram que moradores ocupassem parte deste terreno, nem construíssem nada. Era uma espécie de cemitério improvisado pelos traficantes”, informou um morador, que preferiu não se identificar, com medo de represália de bandidos.

Armas escondidas em cistena

Os antigos blocos do hospital, que abrigam mais de 500 famílias, foram ocupados há quatro anos. Policiais vasculharam a mata, mas não encontraram ossadas. Poucas horas depois, o Batalhão de Choque achou em uma cisterna 169 pedras de crack, 14 trouxinhas de haxixe e munição de fuzis e pistolas.

Diante da nova liberdade concedida pela Justiça, o Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado do Rio voltou a criticar a investigação do MP. Em nota, o presidente, delegado José Paulo Pires, afirma que “a PM também errou ao optar por entregar os informes a órgão desprovido de atribuição investigativa e comprometido com a acusação que exercerá em eventual ação penal”



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