A desilusão de um escrivão!

Não sei se já viu o jornal “O Imparcial” de hoje (28/01/2011), mas nele consta a prova cabal de que o Estado usa de tratamento diferenciado para com algumas categorias funcionais (leia-se policiais), eis que na página 11, ilustrando a matéria DESFALQUE NO CONTRACHEQUE, encontra-se a imagem de um contracheque de uma auxiliar de serviços de saúde, onde se observa que a matemática é seguida à risca. Vou explicar: nos contracheques dos policiais, o desconto referente à insalubridade seque uma matemática “mágica”, eis que 40% de R$ 2.448, na matemática governista (ou desgovernista) é igual a 134,88, quando na matemática do mundo real, o valor correto seria R$ 979,34. Esse valor irrisório, numa conta rápida de regra de três simples, equivaleria a 40% de R$ 337,20, mas aí eu me pergunto: Que valor é esse? O que é isso? Que conta é essa?
No contracheque exposto na matéria, observa-se que o vencimento da servidora corresponde a R$ 579,05 e a gratificação de insalubridade equivale a R$ 231,62, ou seja, exatamente 40% do vencimento-base. Não preciso nem falar do adicional noturno, o qual segue a mesma matemática “mágica” do desgoverno do Estado.

Então me pergunto:  
1. O sistema que calcula os valores é informatizado ou influenciado?

2. Porque o Estado trata de maneira diversa os seus servidores, ferindo de morte a Constituição?

Não tenho mais forças para me debater, estou perto de morrer à míngua. Dizem que meu cargo é de nível superior (estão até exigindo essa graduação para o próximo concurso), mas no cenário nacional, meu salário está muito abaixo de quem tem apenas o ensino médio (os vencimentos giram em torno de R$ 4.500,00).

Eu não sei o que pensa o governo, ou se pensa, mas eu sei que estou desiludido.

Estudo todos os dias e estou me preparando para deixar a vaga para, quem sabe, os filhos da governadora, que queiram trabalhar no “melhor governo da vida dela”, pois eu não quero mais, não posso mais, não agüento mais tanta humilhação. Tenho dois filhos e como TODO MUNDO, tenho que pagar colégio, IPTU, prestação de casa, água, luz (não tenho mais telefone fixo – é muito caro, tenho somente celular pai-de-santo), me alimentar, me vestir e às vezes até planejo (eu disse planejo) sair para me divertir. Peço que não divulgue meu nome. Não é medo. É certeza. Não tenho a estabilidade que a posição de representante sindical lhe dá (mesmo que provisória) para falar de peito aberto dessas pessoas que dizem governar o Estado e todos sabemos o que acontece com quem se insurge contra elas. Obrigado!
COMENTANDO O EMAIL
Caro escrivão “A”, como lhe prometi mantive no anonimato o seu nome e a sua lotação, que pena, gostaria muito que muitos soubessem quem fez a postagem, mas, compreendo e concordo com os seus motivos que são reais, na nossa instituição quem não reza na Bíblia deles, é tratado como inimigo, e o mais lamentável de tudo, é que ainda temos policiais na base que fazem o jogo servil dos nossos algozes.
Comentário de total responsabilidade

de Amon Jessen

Presidente do SINPOL

Comentário do blog:
A realidade apresentada pelo nobre colega escrivão em nada difere da vivida pelos delegados. O mesmo cálculo fantasioso que levou o estado a descontar erroneamente o valor devido à insalubridade, foi utilizado para o pagamento dos delegados. Mas apenas uma parcela de delegados, investigadores e escrivães recebe a gratificação que lhes é devida por direito, pois muitos nem mesmo a recebem, o que é um absurdo. Até o momento nem o sinpol e nem a Adepol conseguiram sanar essa excrescência praticada pelo governo.
A mesma mágica realizada para o cálculo da insalubridade (para os que a recebem) foi utilizada para o pagamento do ad. noturno,, sem falar na absurda defasagem das "chefias", auxílio alimentação (também conhecido por auxílo hot-dog).  

CoMA/Investigador Policial