sexta-feira, 24 de junho de 2011

Promotor de justiça recebe voz de prisão de defensora pública em júri no RS

Após receber voz de prisão, promotor Eugênio Amorim afirma que sairá da Vara do Júri

"É isso que a bandidagem vai querer", disse o promotor

O promotor de Justiça Eugênio Amorim afirmou, em entrevista ao programa Gaúcha Repórter, na tarde desta quarta-feira, que deixará a Vara do Júri. A declaração acontece um dia depois de um desentendimento em uma audiência da 1ª Vara do Júri do Foro Central de Porto Alegre, em que a defensora pública Tatiane Boeira deu voz de prisão ao promotor.


— Eu vou sair da Vara do Júri. É isso que a bandidagem vai querer. Por ordem da defensora pública e da juíza — afirmou.


Segundo o promotor, o ato da defensora foi um abuso de autoridade.


— Eu desacatei a juíza, mas a juíza não me prendeu, foi a defensora. Ela foi mais realista que a rainha — disse.


A defensora Tatiane Boeira afirma que agiu como guardiã do Tribunal de Júri.


— Eu dei a voz de prisão para fazer cessar aquela agressão.(...) Somente ao presidente da república não é permitido dar voz de prisão. Eu, como cidadã brasileira, posso fazer isso. Ele tem a prerrogativa de não ser detido — salientou.



Já a defensora pública Tatiane Boeira contou que qualquer cidadão pode dar voz de prisão em flagrante. "Quem decide depois se a pessoa será efetivamente presa é a polícia", complementa.
Depois da discussão, os envolvidos foram ouvidos pelo subprocurador para assuntos jurídicos e procurador-geral em exercício, Ivory Coelho Neto, no Ministério Público. O chefe de gabinete da Defensoria Pública do estado, Alexandre Brandão Rodrigues, disse que "foi pedida ao Ministério Público abertura de procedimento investigatório contra Amorim por desacato".
Entenda o caso:
Na terça-feira, pelo menos quatro pessoas estavam sendo julgadas por suspeita de participação em duas tentativas de homicídio e tráfico de drogas na Vila Mario Quintana, na zona norte de Porto Alegre, em 2008. Em determinado momento, Amorim teria feito menção à Operação Poeta, da Polícia Federal, ocorrida no mesmo ano, e tentado ligar os réus a esse caso por meio de um apenso — um anexo ao processo. A medida foi negada porque as outras partes não teriam tido vista. Foi aí que começou a confusão.

Ouça as entrevistas do promotor e da defensora:
ZERO HORA

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