“Virei bandido”, diz empresário abordado por engano pela PF no Pará
MARIANA VERSOLATO DE SÃO PAULO
Um empresário de 40 anos de Santarém (PA)
 afirma ter sido humilhado por agentes da Polícia Federal ao ser 
confundido com um vizinho investigado por exploração de máquinas 
caça-níqueis.
Dono de um restaurante na cidade, Junior 
Chaves diz ter sido acordado em casa por cerca de 30 policiais federais 
às 8h de quarta-feira (25). Os agentes tinham um mandado de busca e 
apreensão. Na casa estavam ainda a mulher e os sogros do empresário.
“Ouvi o interfone tocando de forma até 
estúpida, achei que fosse alguém brincando, um bêbado. Quando abri a 
janela vi 30 policiais do lado de fora, enfileirados no muro da minha 
casa, com armas na mão.
 Quando perguntei sobre o que se tratava, gritaram:
`Polícia Federal, abre a porta, bandido! A casa caiu!’.”
Chaves conta que mora em uma avenida movimentada e uma multidão assistia à cena. “Me senti muito humilhado e envergonhado.”
Segundo o relato do empresário, após 
abrir o portão com as mãos na cabeça, os policiais lhe deram uma chave 
de braço e o empurraram em direção à casa. Pediram então para ele chamar
 quem mais estivesse ali. Sua mulher apareceu escoltada por um policial 
e, logo em seguida, viu seus sogros.
“Minha esposa disse que eu não era bandido. Perguntaram então se ela não sabia que era casada com um marginal, com um vagabundo.”
Chaves disse que só se deu conta do que 
estava acontecendo quando os policiais o chamaram pelo nome de seu 
vizinho. “Quando eu disse que não era ele, perguntaram:‘Você quer pagar uma de otário pra gente? 
Faz um mês que estamos te seguindo.
O delegado disse ainda que não importava que eu não fosse, que era para calar a boca ou seria preso por desacato.”
O número da casa que estava no mandado era do imóvel de Chaves, mas o nome era de seu vizinho.
Alguns policiais, porém, foram à casa de 
seu vizinho e confirmaram o engano. O delegado ainda pediu o contrato de
 aluguel do empresário para conferir as informações e levou o documento.
| Divulgação Polícia Civil do Pará | ||
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Segundo Chaves, um policial cochichou no 
ouvido do outro e todos “murcharam”. “Saíram sem pedir desculpas. Só 
disseram que esperavam que eu entendesse, porque estavam cumprindo 
ordens.”
O empresário disse que não pretende, por enquanto, acionar a Justiça para pedir indenização.
“Gostaria apenas que se retratassem 
publicamente. Não consigo dormir, a família toda ficou muito abalada com
 essa humilhação. Depois a PF disse na imprensa que a operação havia 
ocorrido dentro da normalidade, mas não podem achar isso normal. Para 
quem assistiu à cena na rua, virei bandido.”
O empresário ficou com uma cópia do 
mandado de busca. Ele conta que um delegado da Polícia Civil e seu 
vizinho, que já foi libertado, lhe pediram desculpas.
“Eu sou branco e tenho 1,81 metro. Meu vizinho é mais moreno, careca. Não temos nada a ver. Não sei que investigação foi essa que eles fizeram.”
A operação Caça e Caçador, de combate ao 
jogo ilegal na região de Santarém, envolve as polícias Federal e Civil 
do Pará, e já dura dez meses.
Procurada, a Polícia Federal disse que só poderia comentar as afirmações do empresário nesta segunda-feira (30).
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O empresário foi preso na operação Caça e Caçador, deflagrada em conjunto pelas polícias Federal e Civil,  dia 25,  em Santarém.
Preso nas primeiras horas da 
manhã, residência invadida por agentes federais, ele sofreu agressões 
verbais, humilhações à frente da esposa e muito mais.
Mais: consta que a Polícia Federal trata a população  pobre daquele Estado com extremado desrespeito…
São arrogantes, constrangedores, tratando todos como se fossem traficantes, ladrões e assassinos. 
A maioria desses policiais – oriundos de outras regiões – odeia trabalhar no Pará.
Os delegados da PF sofrem espécie
 de patológico autoritarismo; demonstram publicamente complexo de 
superioridade, distribuindo a  agentes e autoridades de órgãos locais 
manifestações de arrogância e prepotência . 
flitparalisante

Incrível. Imagine o que não acontece na casa de um pobre, numa favela.
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