domingo, 11 de março de 2012

Batalha de vaidades atiçou o corporativismo


Sob o título “Não gosto de firula”, a revista “Piauí” de março publica um perfil de sete páginas da ministra Eliana Calmon, de autoria da jornalista Daniela Pinheiro.
“Criticada por seu estilo ruidoso”, a corregedora, segundo define a repórter, diz que seus adversários defendem valores que a sociedade não comporta mais. “Ficam querendo me diminuir me chamando de louca, doidivana. É a maneira que costumam usar para desmerecer uma mulher”, comentou o que diziam alguns juízes de seu tribunal.
A seguir, alguns trechos da reportagem.
Sobre pagamentos e holerites:
Soube-se, por fim, que os dois ministros do Supremo que tinham-se posicionado contra a ação da corregedoria, Cezar Peluso e Ricardo Lewandowski –e fizeram carreira no tribunal de São Paulo– receberam 700 mil reais cada um de passivos trabalhistas. A própria Eliana Calmon recebera 421 mil reais de auxílio-moradia. “Recebi sim, em três parcelas, assim como toda a Justiça Federal”, disse ela. “Não foi como em São Paulo, que uma turminha de amigos foi privilegiada, recebeu antes da maioria e tudo de uma vez”. Perguntei se ela se referia a Peluso e Lewandowski. “Não sei se estão no grupo porque não pude entrar em São Paulo, lembra?”, respondeu.
Sobre o relatório do Coaf:
“Vinha conselheiro querer saber que desembargador estava listado! Não tenho ideia, não tive essa informação. A Associação dos Magistrados insiste nisso porque é a única maneira de justificar essa postura corporativa descabida”.
Sobre viagens a convite:
“Aceitar viagem que não seja de trabalho, presente de quem não conheço, isso é baratear a toga”. (…) “Mas é uma prática infelizmente arraigada nesse meio”. (…)
[A ministra] lembrou-se da ocasião em que um colega, ministro do STJ, disse achar um absurdo o tribunal não pagar a passagem de sua mulher quando ele viajava a trabalho. “Eu respondi: ‘Você tem toda a razão! Tinha que pagar a passagem e ainda dar um salário a ela. Porque ela vai dormir com você e tem que ser remunerada por isso’”, contou. Ficaram semanas estremecidos.
Sobre a tentativa de enfraquecer o CNJ, a repórter ouviu o antecessor de Eliana Calmon, ministro Gilson Dipp, que atuava em sintonia com o então presidente do órgão, Gilmar Mendes:
“Eu e o Gilmar tínhamos o Conselho; nos reuníamos e saíamos com um denominador comum”, disse. “É diferente do que ocorre hoje, quando há uma clara divisão interna entre os membros do CNJ, alguns colocados ali para enfraquecer o próprio órgão. É uma batalha de vaidade e interesses, o que propiciou que o corporativismo viesse à tona”.

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