domingo, 11 de março de 2012

Insegurança

 O sentimento de insegurança cresce no país inteiro, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA). O instituto ouviu 2.700 pessoas em todo no país sobre o que pensam da segurança e o trabalho das corporações policiais. No levantamento, 82% das mulheres e 63,9% dos homens vivem no pesadelo de se deparar com assaltantes. O índice de confiança nas corporações policiais é muito baixo, mais de 60% dizem confiar pouco ou nada na atuação das PMs; 69,9% não confiam na Polícia Civil enquanto 61,1% não confiam na Polícia Federal. A população nem quer ouvir falar da chamada guarda municipal: 70,8% não acreditam nela. Para 63% dos entrevistados “as polícias não respeitam os direitos do cidadão” e mais da metade dos entrevistados dizem que as corporações policiais não são competentes. Um dos pesquisadores do IPEA afirma que só os mais jovens e os mais velhos acreditam um pouco nas polícias e guardas municipais. “Quanto mais jovem e mais escolarizado mais critico é o cidadão em relação às polícias”, diz ele ainda.
Há registros de que a população, onde pode, procura se organizar com ou sem o apoio das PMs para se defender da bandidagem e da própria Polícia. Adriene Ataíde Arantes Moore fala da criação, no bairro Bandeirantes, em Belo Horizonte, de uma Rede de Vizinhos Protegidos que trabalha noite e dia na defesa dos interesses e da segurança dos moradores do bairro.
A PM se esforça, contra os ventos e tempestades do descrédito popular, em se manter incólume. O assessor de comunicação da PM de Minas Gerais, tente. Coronel Ricardo Calixto, declara, a propósito, que a pesquisa do IPEA não reflete a realidade do Estado… “Nossos projetos comprovam que a PM tem a confiança da população e é respeitada”, diz ele.
Não é esta, evidentemente, a percepção da população. Em Nova Lima, por exemplo, a insegurança é grande. A casa do professor universitário e cientista político Fernando Massote, titular desse blog, já foi invadida 2 vezes por maus elementos ou bandidos da Polícia Militar sem nenhuma justificativa legal. O professor, nas duas ocasiões chamou a PM para coibir bagunça e ameaça na porta de sua residência por parte de boyzinhos desocupados. A PM, nos dois casos, chegou, protegeu os agressores e agrediu o professor e sua família! O tribunal da PM avocou a causa e declarou que os PMs agiram dentro da lei e uma juíza arquivou o processo!!!
 A pesquisa do IPEA registra, além do mais, um profundo descontentamento da população também por outros aspectos do comportamento da Policia. O trabalho das corporações é considerado lento e ineficiente; 65,3% consideram a polícia como “preconceituosa” e 66,5% das pessoas qualificaram a PM de “desrespeitosa”.
Para além dos frequentes desvios de função pelos quais é denunciada, a falta de parâmetros civilizados para tratar a população contribui  significativamente para condenar a Polícia à situação de grave impopularidade em que versa tradicionalmente e na atualidade. O policial, da forma mais geral, age com estupidez, de  maneira intimidadora, tratando o popular como um bandido. É, tudo isto, o resultado de uma cultura e uma política fundadas no que muitos consideram, desde pelo menos o sangrento episódio de Canudos denunciado pelos “Sertões” de Euclides da Cunha, uma verdadeira e histórica “criminalização da pobreza”.
 * Artigo publicado em 03 de dezembro de 2010.
http://massote.pro.br

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