O
sentimento de insegurança cresce no país inteiro, segundo levantamento
do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA). O instituto ouviu
2.700 pessoas em todo no país sobre o que pensam da segurança e o
trabalho das corporações policiais. No levantamento, 82% das mulheres e
63,9% dos homens vivem no pesadelo de se deparar com assaltantes. O
índice de confiança nas corporações policiais é muito baixo, mais de 60%
dizem confiar pouco ou nada na atuação das PMs; 69,9% não confiam na
Polícia Civil enquanto 61,1% não confiam na Polícia Federal. A população
nem quer ouvir falar da chamada guarda municipal: 70,8% não acreditam
nela. Para 63% dos entrevistados “as polícias não respeitam os direitos
do cidadão” e mais da metade dos entrevistados dizem que as corporações
policiais não são competentes. Um dos pesquisadores do IPEA afirma que
só os mais jovens e os mais velhos acreditam um pouco nas polícias e
guardas municipais. “Quanto mais jovem e mais escolarizado mais critico é
o cidadão em relação às polícias”, diz ele ainda.
Há
registros de que a população, onde pode, procura se organizar com ou
sem o apoio das PMs para se defender da bandidagem e da própria Polícia.
Adriene Ataíde Arantes Moore fala da criação, no bairro Bandeirantes,
em Belo Horizonte, de uma Rede de Vizinhos Protegidos que trabalha noite e dia na defesa dos interesses e da segurança dos moradores do bairro.
A
PM se esforça, contra os ventos e tempestades do descrédito popular, em
se manter incólume. O assessor de comunicação da PM de Minas Gerais,
tente. Coronel Ricardo Calixto, declara, a propósito, que a pesquisa do
IPEA não reflete a realidade do Estado… “Nossos projetos comprovam que a
PM tem a confiança da população e é respeitada”, diz ele.
Não
é esta, evidentemente, a percepção da população. Em Nova Lima, por
exemplo, a insegurança é grande. A casa do professor universitário e
cientista político Fernando Massote, titular desse blog, já foi invadida
2 vezes por maus elementos ou bandidos da Polícia Militar sem nenhuma
justificativa legal. O professor, nas duas ocasiões chamou a PM para
coibir bagunça e ameaça na porta de sua residência por parte de
boyzinhos desocupados. A PM, nos dois casos, chegou, protegeu os
agressores e agrediu o professor e sua família! O tribunal da PM avocou a
causa e declarou que os PMs agiram dentro da lei e uma juíza arquivou o
processo!!!
A
pesquisa do IPEA registra, além do mais, um profundo descontentamento
da população também por outros aspectos do comportamento da Policia. O
trabalho das corporações é considerado lento e ineficiente; 65,3%
consideram a polícia como “preconceituosa” e 66,5% das pessoas
qualificaram a PM de “desrespeitosa”.
Para
além dos frequentes desvios de função pelos quais é denunciada, a falta
de parâmetros civilizados para tratar a população contribui significativamente
para condenar a Polícia à situação de grave impopularidade em que versa
tradicionalmente e na atualidade. O policial, da forma mais geral, age
com estupidez, de maneira intimidadora, tratando o popular como um
bandido. É, tudo isto, o resultado de uma cultura e uma política
fundadas no que muitos consideram, desde pelo menos o sangrento episódio
de Canudos denunciado pelos “Sertões” de Euclides da Cunha, uma
verdadeira e histórica “criminalização da pobreza”.
* Artigo publicado em 03 de dezembro de 2010.http://massote.pro.br
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