O promotor do Ministério Público
Estadual, Ubiraci Rocha, fez fortes críticas à Polícia Civil do Piauí
durante entrevista no Jornal do Piauí desta sexta-feira (16). Para ele, o
órgão é “imprestável para a sociedade” e será responsável por falhas
nas investigações da PF.
Fotos: Evelin Santos/Cidadeverde.com
“Quero
que as autoridades públicas façam uma reflexão. Esse aparelho de
segurança do jeito que está ai é imprestável para a sociedade. Haver
erros é normal, mas do jeito que estão ai não. A Polícia Civil cometeu
erros primários”, dispara o promotor.
As
declarações de Ubiraci Rocha surgiram como forma de analisar os últimos
fatos a cerca da investigação da estudante Fernanda Lages, encontrada
morta nas obras da nova sede do MPF no dia 25 de agosto de 2011. Nesta
quinta-feira (15) Nayra Veloso, amiga da universitária, foi presa e
encaminhada para a Penitenciária Feminina da capital do Piauí.
“Um
dos aspectos que estava obscuro era no tocante à Nayra. Ela se
encontrou com Fernanda e um rapaz por voltas das 4h da manhã em frente
ao prédio do MPF. Entendemos que a Nayra sabe mais do que falou. Essa
ideia não é só nossa, mas da Policia Federal”, disse Ubiraci.
Críticas à perícia da Polícia Civil
O
promotor revela que carrega na sua fala a indignação da sociedade
piauiense sobre o caso. Para ele, o caso Fernanda Lages marcou a
história do Estado e deveria ter recebido mais atenção das autoridades
locais.
“Estamos diante de é uma policia
amadora, que não se profissionalizou. É uma roupa que não nos serve
mais. Se a PF não concluir por um resultado convincente, isso se deve ao
trabalho amador da Polícia Civil que não preservou o local do corpo”,
disse.
Ubiraci Rocha comentou ainda declarações
do secretário de Segurança Robert Rios Magalhães que afirmou que se as
investigações da Policia Federal tiverem conclusão igual a da Polícia
Civil, muitas pessoas estariam devendo pedidos de desculpas à
instituição.
“Não
tem essa história de que aqui tem gente que tem que pedir desculpas. A
Polícia Civil é que tem que pedir desculpas por não ter preservado a
contento o local do crime”, defendeu o promotor.
Prisão de Nayra Veloso
Segundo
investigações, a estudante Nayra Veloso, 23 anos, esteve próxima de
Fernanda Lages nos três meses que antecederam a morte da universitária. A
Polícia Federal investiga a vida da jovem e a promotoria acredita que o
depoimento dela pode solucionar o caso.
“A
Nayra sabe que se ela falar o que sabe, ela permanece em condição de
testemunha. Mas se ela não falar, o comportamento pode se caracterizar
como falso testemunho. Se for concluído por homicídio, ela pode se
colocar em participação direta no homicídio”, conta.
Nayra Veloso durante reconstituição do dia da morte de Fernanda.
A
prisão de Nayra ocorreu por volta das 11h desta quinta-feira. “Eu
estava em audiência quando recebi uma ligação do delegado que preside o
inquérito. Ele me chamou ele para ir à PF conversar com ela. Foi uma
conversa demorada. Estive sozinho até umas 16h da tarde”, disse.
Depoimento da amiga de Fernanda
“Ela
nega que esteve lá. Eu disse a ela: ‘você pode negar, ma a polícia já
tem provas que você esteve lá com Fernanda e com esse outro homem. Cabe a
você contribuir com a investigação dizendo quem era essa pessoa com
quem você e Fernanda conversavam’”, relata Ubiraci.
A
polícia trabalha com depoimentos e provas periciais que coloca Fernanda
Lages a frente das obras com mais duas pessoas, uma com características
semelhantes à de Nayra e um rapaz. O promotor garante que esses
indícios deixam o caso próximo de uma conclusão.
Nayra abraça policial que representou Fernanda durante reconstituição.
“O
problema não é ela ser ouvida. Ela já foi ouvida várias vezes. O
problema é ela falar quem era essa outra pessoa conversando com ela. Eu
disse a ela que posso fazer muito por ela. Eu disse: ‘agora é uma
escolha sua’. Deixei um numero de telefone do Ministério Público para
que ela possa me ligar assim que ela queira falar comigo”, explica.
Ubiraci
Rocha relembra que durante a conversa na sede da Polícia Federal Nayra
se mostrava inquieta, muito nervosa e que chorava às vezes. O promotor
descartou possibilidade de novas prisões neste momento.
Eliardo e o caso
O
promotor Eliardo Cabral também participou da entrevista e disse que
suas convicções são as mesma desde o início do inquérito. "Não retiro
nenhuma vírgula do que eu disse. Esse caso foi um homicídio com mais de
uma qualificadora e autoria coletiva", disse.
cidadeverde.com
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comentários do blog:
Antes que tudo uma verdade precisa ser dita: As polícias civis de uma forma geral, óbvio que há exceções, são primariamente amadoras! Mas a culpa é de quem? também obviamente que da ausência de políticas concretas de investimento, meios tecnológicos de investigação e de fácil acesso, contratação de investigadores, Delegados, escrivães, peritos, médicos legistas etc em número adequado, aparelhamento dos prédios, Institutos de perícia bem equipados, treinamentos regulares, etc. Ocorre que no caso em apreço uma coisa me chamou atenção. Ora bolas, se o MP afirmou categoricamente que foi homicídio ( e qualificado) e praticado por mais d euma pessoa, por qual razão não apresenta as provas e descartando o famigerado IPL oferece denúncia? até onde sei nesse caso o MP realizaou uma "investigação" paralela, então a qual conclusões chegou o MP? agora a PF também não aponta indícios de crime e novamente a culpa é da PC-PI? As falhas institucionais existem e são muitas, tanto de um lado quanto de outro, em verdade mais uma vez os promotores querem as LUZES, flashs...
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