DA SÉRIE SUCATEAMENTO: “Eu amo a Polícia, mas a Polícia não me ama” diz Delegado que pediu pra sair
DESPEDIDA - Eric Márcio Fantin , Ex- Delegado de Polícia Civil
"Segue um texto que escrevi. Fui Delegado de Polícia
Civil do último concurso. Saio em razão da falta de administração do
Estado".
Desde o dia 04.06.2012 não sou mais Delegado de Polícia, pois tomei
posse no cargo de oficial de justiça federal. Pela primeira vez na vida
saio triste de um trabalho. Não pelo cargo novo, pois este é um dos mais
desejados do País e me possibilita qualidade de vida não disponível em
outros trabalhos. Mas a Polícia vai me deixar saudades. Parece até um
vício. Certa vez, um policial me disse: “Eu amo a Polícia, mas a Polícia
não me ama”. Pura verdade.
Os servidores policiais, em sua quase totalidade (sempre há
exceções), abdicam de uma vida tranquila para trabalharem em um dos
empregos mais estressantes do mundo, mesmo sem nenhum reconhecimento por
parte dos governantes ou sociedade. Pois bem, não resisti e tombei na
batalha diária da vida policial. Cansei de perder noites de sono para
ficar resolvendo briga de marido e mulher.
Cansei de brigar por soluções e essas nunca chegarem. Mas deixarei
para falar dos problemas logo abaixo. Aqui quero apenas agradecer os
honrados servidores com quem tive a satisfação de trabalhar. Não citarei
nomes, pois os merecedores saberão entender. A todos os que me
auxiliaram, fica o meu eterno agradecimento. Aconselho os leitores a
pararem aqui e ficarem com as lembranças de meu agradecimento. Para quem
quiser continuar, vamos aos problemas e possíveis soluções. VIATURAS É
péssima a distribuição de viatura.
Delegacias do interior, em cidades cheias de estradas de terra,
muitas vezes não possuem uma camionete. Enquanto isso, todas as vezes
que vou até Porto Velho, vejo o monte destes veículos, tanto na Polícia
Civil quanto na Militar. Ou seja, onde era para estarem as camionetes,
estão carros “baixos”. Na minha inocência, entendo que isto possa ser
resolvido, dentro da Polícia Civil, com uma simples decisão do Diretor
Geral.
Certa vez um policial me disse que uma das delegacias de Porto Velho
tinha uma camionete sendo usada apenas para fazer intimações, enquanto
no interior os policiais passam seis meses atolando os carros nas
linhas. Outro policial me disse que o contrato de locação previa que a
maior parte das camionetes deveria ficar na capital, pois lá estragam
menos, o que seria melhor para a empresa que fornece os veículos. Desejo
não acreditar que isso seja verdade (mas tenho lá minhas dúvidas), pois
se um administrador público assinou um contrato nestes termos, deveria
responder uma ação de improbidade administrativa pelo imenso prejuízo
que causou ao serviço público.
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