Amadorismo Policial (parte II) – Há culpados?
Não há dúvida que a
Polícia Civil sofre com a falta de concursos regulares para “repor” o capital
humano que se aposenta, mesmo sendo a demanda cada vez mais crescente.
Em que pese os últimos
investimentos em armamento e viaturas, a verdade é que não há aquisição
contínua de equipamentos (móveis, computadores, impressoras etc) e quando a
mesma ocorre sua distribuição é irregular; não são priorizadas as delegacias
mais necessitadas em termos de estrutura física, investimentos na construção e
reforma de prédios que tornem o ambiente de trabalho do policial digno e
salubre é mínimo, quase imperceptível.
É interessante frisar
que o quadro que ora descrevemos não é responsabilidade desta ou daquela
administração, mas sim de uma sucessão de equívocos e omissões ao logo da
história da PC. Em verdade muitos Delegados atuam com absoluta desídia, pouco lhes importando se o ambiente de trabalho está adequado às funções de todos os servidores ou não, culpar o Estado/administração lhes é conveninete e mesmo suficiente.
Certa feita encaminhei
à SPCI um ofício com sugestões para incrementar o trabalho policial, dentre
muitas foi sugerido o estabelecimento de metas e a conseqüente
cobrança/fiscalização da administração superior no seu cumprimento, ainda um
programa de incentivo aos policiais que mais se destacarem no trabalho diário e
a implantação da meritocracia na ocupação dos cargos.
A polícia Civil hoje é
responsável pela custódia de aproximadamente 1.800 presos de justiça, flagrante
desvio de função que traz como conseqüência o enfraquecimento do trabalho de
investigação, portanto, menos qualificado, menos resultados, mais críticas à
instituição.
Alguns delegados tem
respondido por duas e até três cidades, quase sempre sem nada receberem por tal
trabalho, por esta razão o trabalho de investigação desenvolvido nessas cidades
é quase sempre relegado a segundo plano (se é que exista investigação em tais
casos) ocasionando o desgaste institucional e pessoal.
Nesse diapasão, por
qual razão não se estabelece a criação de uma gratificação tal qual existe na
magistratura e MP onde juízes e promotores a recebem automaticamente em seus
contracheques? Dessa forma seria plausível que estes delegados fossem cobrados
de forma mais profissional no que pertine às ocorrências nesses municípios.
A Polícia Civil de todo
o Brasil precisa ocupar o espaço que lhe foi reservado na estrutura
constitucional, não poderá vacilar sob pena de perder espaço nas discussões que
se avizinham sobre a imperiosa necessidade de se iniciar uma reformulação em
todo o sistema de segurança pública do país, afinal até mesmo a função de uma e outra polícia parece estar invertido, nessa mistura o MP também resolveu "meter a colher"
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