Entorno do DF tem 12 mil inquéritos parados
Reportagem: Renner Feitoza, de Luziânia
A paralisação das categorias policiais diminuiu o movimento nas 19 delegacias e Centros Integrados de Operações de Segurança (Ciops) do Entorno do Distrito Federal (DF). A greve dos escrivães e agentes teve adesão de 90% dos servidores, segundo a Delegacia Regional da Polícia Civil. Na região – a mais violenta de todo o Estado -, a paralisação conseguiu piorar ainda mais uma situação que já era precária.
Levantamento da Polícia Civil aponta que quase 12 mil inquéritos estão acumulados na região do Entorno. De acordo com o Sindicato dos Policiais Civis, 2 mil estariam relacionados apenas aos casos de homicídios. Desde 2009, cerca de 1,8 mil pessoas foram assassinadas no Entorno do DF, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública e Justiça do Estado de Goiás (SSPJ). Pelo menos 350 morreram nos primeiros seis meses deste ano.
Um levantamento feito pela delegacia regional ajuda a entender a precariedade das delegacias e Ciops da região. Segundo o estudo, são 308 servidores em todo o Entorno do DF, quando o necessário seria pelo menos 1.006; quase três vezes a quantidade atual.
A situação está complicada também entre os delegados: após o afastamento dos quatro envolvidos com o esquema de jogos ilegais ligado ao empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, restaram 26, quando ideal seria o dobro. O estudo revelou que cada delegado tem em média 765 inquéritos para investigar. Algo praticamente impossível de ser realizado.
Além disso, precisam contar com espaços com pouca estrutura para o trabalho. Pelos Ciops, é fácil encontrar banheiros interditados, janelas com vidros quebrados e cadeiras estragadas, sem contar que os computadores são velhos e precisam ser renovados com urgência.
Durante o ano passado, cerca de 20 homens da Polícia Judiciária da Força Nacional de Segurança começaram a ajudar nas investigações mas, devido à imensa quantidade acumulada, apenas dezenas de casos foram solucionados. É pouco dentro de um universo de quase 12 mil inquéritos.
A situação é precária também no IML de Luziânia, que atende nove municípios da região, alguns deles ficam a cerca de 200 quilômetros da cidade. É o caso de Padre Bernardo. O recolhimento de um corpo chega a demorar quase dez horas segundo a gerente do instituto, Sônia Cristina de Brito. “Só para chegar à cidade são três horas, mais duas para realizar a perícia e a equipe ainda leva outras três horas para retornar, o que dá um total de quase dez horas.” Hoje, a unidade conta com cerca de 50 servidores, quando o ideal seria o dobro. “Preciso de pelo menos o dobro, principalmente de peritos e para a área administrativa que são as mais deficientes”, explicou a gerente. Ela não soube falar se a greve está afetando o recolhimento de corpos, mas peritos que não quiseram se identificar contaram que em alguns casos a demora está grande.
Foi o que aconteceu com um homem que foi assassinado em Luziânia no último sábado. O corpo foi recolhido quase dez horas após o crime. Ainda na cidade, a equipe demorou pelo menos seis horas par recolher o corpo de uma mulher que morreu de choque elétrico na última sexta-feira.
REFORÇO
O secretário da Segurança Pública de Goiás, João Furtado, disse ontem que já foi autorizado um concurso público para a Polícia Civil. Entre agentes, escrivães e delegados, o número total deve chegar a 800 novos servidores. Ainda não foi especificada a quantidade para cada região. “Os editais são elaborados neste momento, as forças estão distribuindo essas vagas priorizando a região metropolitana de Goiânia e Entorno de Brasília. Espero que sejam publicados em Agosto.”
Não foi informado se há previsão para aumentar o número de servidores na Polícia Técnico Científica com a realização deste concurso. Sobre a greve, o secretário disse que a proposta é aumento de 20% no bônus da gratificação. Por enquanto, grevistas e o governo não entraram em acordo.
Fonte: Jornal O PopularA paralisação das categorias policiais diminuiu o movimento nas 19 delegacias e Centros Integrados de Operações de Segurança (Ciops) do Entorno do Distrito Federal (DF). A greve dos escrivães e agentes teve adesão de 90% dos servidores, segundo a Delegacia Regional da Polícia Civil. Na região – a mais violenta de todo o Estado -, a paralisação conseguiu piorar ainda mais uma situação que já era precária.
Levantamento da Polícia Civil aponta que quase 12 mil inquéritos estão acumulados na região do Entorno. De acordo com o Sindicato dos Policiais Civis, 2 mil estariam relacionados apenas aos casos de homicídios. Desde 2009, cerca de 1,8 mil pessoas foram assassinadas no Entorno do DF, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública e Justiça do Estado de Goiás (SSPJ). Pelo menos 350 morreram nos primeiros seis meses deste ano.
Um levantamento feito pela delegacia regional ajuda a entender a precariedade das delegacias e Ciops da região. Segundo o estudo, são 308 servidores em todo o Entorno do DF, quando o necessário seria pelo menos 1.006; quase três vezes a quantidade atual.
A situação está complicada também entre os delegados: após o afastamento dos quatro envolvidos com o esquema de jogos ilegais ligado ao empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, restaram 26, quando ideal seria o dobro. O estudo revelou que cada delegado tem em média 765 inquéritos para investigar. Algo praticamente impossível de ser realizado.
Além disso, precisam contar com espaços com pouca estrutura para o trabalho. Pelos Ciops, é fácil encontrar banheiros interditados, janelas com vidros quebrados e cadeiras estragadas, sem contar que os computadores são velhos e precisam ser renovados com urgência.
Durante o ano passado, cerca de 20 homens da Polícia Judiciária da Força Nacional de Segurança começaram a ajudar nas investigações mas, devido à imensa quantidade acumulada, apenas dezenas de casos foram solucionados. É pouco dentro de um universo de quase 12 mil inquéritos.
A situação é precária também no IML de Luziânia, que atende nove municípios da região, alguns deles ficam a cerca de 200 quilômetros da cidade. É o caso de Padre Bernardo. O recolhimento de um corpo chega a demorar quase dez horas segundo a gerente do instituto, Sônia Cristina de Brito. “Só para chegar à cidade são três horas, mais duas para realizar a perícia e a equipe ainda leva outras três horas para retornar, o que dá um total de quase dez horas.” Hoje, a unidade conta com cerca de 50 servidores, quando o ideal seria o dobro. “Preciso de pelo menos o dobro, principalmente de peritos e para a área administrativa que são as mais deficientes”, explicou a gerente. Ela não soube falar se a greve está afetando o recolhimento de corpos, mas peritos que não quiseram se identificar contaram que em alguns casos a demora está grande.
Foi o que aconteceu com um homem que foi assassinado em Luziânia no último sábado. O corpo foi recolhido quase dez horas após o crime. Ainda na cidade, a equipe demorou pelo menos seis horas par recolher o corpo de uma mulher que morreu de choque elétrico na última sexta-feira.
REFORÇO
O secretário da Segurança Pública de Goiás, João Furtado, disse ontem que já foi autorizado um concurso público para a Polícia Civil. Entre agentes, escrivães e delegados, o número total deve chegar a 800 novos servidores. Ainda não foi especificada a quantidade para cada região. “Os editais são elaborados neste momento, as forças estão distribuindo essas vagas priorizando a região metropolitana de Goiânia e Entorno de Brasília. Espero que sejam publicados em Agosto.”
Não foi informado se há previsão para aumentar o número de servidores na Polícia Técnico Científica com a realização deste concurso. Sobre a greve, o secretário disse que a proposta é aumento de 20% no bônus da gratificação. Por enquanto, grevistas e o governo não entraram em acordo.