sábado, 29 de setembro de 2012

Opinião de um Procurador de Justiça Aposentado sobre a ATUAÇÃO da Polícia Militar do RS.


BRIGADA REPENSADA
Ivar Hartmann

No desfile de 20 de setembro em Porto Alegre, como sempre, a Brigada Militar do RS, desfilou com o garbo de uma força vitoriosa. Será? Já mais que passou o tempo de se fazer uma análise crítica da Brigada, suas políticas de atuação e seus resultados. Criada como força militar com o objetivo de auxiliar os governos nas lutas contra revolucionários, sempre teve papel importante no contexto da vida estadual e até nacional. Na forma do art.129 da Constituição Estadual á ela “... incumbem a polícia ostensiva, a preservação da ordem pública...” Como a sociedade gaúcha está atualmente em uma batalha contra os ladrões – vamos estender para os que roubam ou furtam – cabe a cada um de nós se perguntar: A Força policial-militar está resolvendo o problema? Ou está perdendo as batalhas com os crimes em um crescendo? Depois de pensadas estas perguntas, vale outra: quantas vezes a Brigada chega a tempo de impedir um delito? A
demora em chegar até parece proposital para não haver confronto com os ladrões que vão embora livres. A população perdeu a confiança na Brigada, esta é a verdade. Tanto que perdeu a confiança que casas e empresas são cercadas com aparatos de segurança. E firmas particulares de segurança pública proliferam em todas as cidades.

Vamos fazer um cálculo que ninguém faz: quantos ladrões têm uma cidade? Quanto maior, mais larápios, óbvio. E mais policiais militares também. Será que os primeiros são em maior número que os segundos? Então nos pequenos municípios com 15 policiais, significa que haveria mais de 15 ladrões? Claro que não porque perverteria a razoabilidade. Então: se o número de policiais-militares é parecido com o número de amigos do alheio, como é que eles continuam furtando, sabendo que a maioria são pequenos marginais ignorantes? O Governo do Estado, com inteligência, colocou a Polícia Civil nas ruas e os resultados foram rápidos no ataque as quadrilhas e aos furtos de veículos. Nossos bens, na falta de policiamento, ações e novas propostas da Brigada, já aceitamos perder. De derrota em derrota, as únicas vitórias da Brigada são quando um soldado a paisana, com coragem, enfrenta um bandido em ação. A Brigada não é militar: é policial. Como tal tem de ser repensada pelos governantes e brigadianos, para continuar prestando bons serviços aos gaúchos. O passado glorioso não pode terminar com um presente medíocre.

ivarhartmann@terra.com.br (procurador de justiça)

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