sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Policiais civis de São Paulo são investigados sob suspeita de exigir propinas milionárias de traficantes internacionais em atividade no Brasil.




Policiais civis de São Paulo são investigados sob suspeita de exigir propinas milionárias de traficantes internacionais em atividade no Brasil.

Ao menos 12 policiais do Denarc (departamento de narcóticos) e do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), considerados órgãos de elite da Polícia Civil, estão na mira.

Segundo 1.771 páginas de documentos sigilosos do Gise-SP (Grupo Especial de Investigações Sensíveis em São Paulo), da Polícia Federal, esses policiais pegaram R$ 3 milhões dos traficantes, entre dólares, reais, carros e armas.

Trata-se de um valor superior aos R$ 2,5 milhões que o megatraficante colombiano Juan Carlos Abadia diz ter pago a policiais civis paulistas antes de ser preso, em 2007.

As extorsões ocorreram entre agosto de 2010 e março deste ano, diz o inquérito.

Segundo os federais, as propinas foram exigidas para livrar quatro criminosos da prisão -um deles, João Alves de Oliveira, o Batista, tido como chefe de uma quadrilha internacional de traficantes.

Ainda segundo a investigação, traficantes eram pegos e mantidos reféns dentro das sedes do Denarc e do Deic sem que houvesse registro oficial de que estivessem ali. Acabavam liberados após o acerto, afirma a investigação.

As negociações das propinas para os policiais foram feitas, segundo a PF, pelo advogado André Luiz Bicalho Ferreira. Há conversas telefônicas gravadas com autorização da Justiça e imagens captadas pelos agentes federais.

Em 8 de novembro de 2010, os federais fotografaram a hora em que, diz o inquérito, um traficante leva R$ 500 mil de propina para o advogado Ferreira, que está com policiais ao lado do prédio do Deic, na zona norte de São Paulo. O dinheiro serviu, afirma a PF, para liberar o traficante Batista.

Em março de 2011, Batista aparece num grampo conversando com o advogado a respeito de outro traficante preso. "Pegaram ele e estão levando para o prédio lá", afirma Batista. O advogado pergunta: "Mas qual prédio?". Ele responde: "Denarc".

Em seguida, segundo a PF, Ferreira repassa a proposta dos policiais civis: "Os caras estão querendo fazer aqui o seguinte: 100 [mil] para amanhã; daqui 15 dias, 50 [mil]; mais 15 dias, 50 [mil]; mais 15 dias, 100 [mil]; mais 15 dias, 100 [mil]. [Total de] 400 [mil]".

Até agora, os policiais civis não foram presos porque isso alertaria os traficantes. A operação, que começou em junho de 2010, já prendeu 105 pessoas -entre elas os líderes da quadrilha internacional- e apreendeu 9,5 toneladas de drogas (4,3 t de cocaína).
Fonte: Folha de S.Paulo

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