É uma constatação muito óbvia a má presteza do
serviço público nas diversas instituições de nosso país, na terra do jeitinho
brasileiro, das piadas e ditos infames.
Faz-se desse quadro um seriado humorístico, cuja
piada ninguém entende, mas faz questão de endossar criticamente, afinal é muito
fácil rir, se passar por sagaz, vociferar, latir como um pitbull e depois deitar
com a consciência tranquila junto a um sorriso aprovado pelos pares.
Firma-se deste modo uma performance social de bom
samaritano, mas o bizarro está, em depois disso tudo, de todo esse desdém,
almejar para si ou para seu filho, um cargo público afim de repetir a mesma
coisa, esbravejando um monte de asneiras com toda a revolta do mundo e sentido-se
injustiçado, repetindo a crítica mais rasa, porém a mais conveniente de que a
culpa de tudo está nos políticos corruptos deste país.
O amadorismo da polícia está intrinsicamente ligado
a isso, afinal integrar essa instituição ou qualquer outra é o objetivo daquele
indivíduo que está nas cadeiras dos cursinhos preparatórios (estes cada vez
mais profissionais) para se dar bem na vida ao ingressar em um cargo público,
qualquer que seja.
Aliado a isso temos uma formação policial que deixa
a desejar e dissemina uma série de mitos e vícios, perpetuando um quadro
catastrófico instaurado há muito tempo, mas que ainda causa espanto e surpresa
quando retaliado em matérias cinematográficas de telejornais.
Infelizmente o policial, embora não se enxergue, faz
parte de todo esse ciclo vicioso, que não lhe é exclusivo, mas abrange todas as
instituições do nosso Estado cleptocrático ou melhor Democrático de Direito,
pois as premissas são as mesmas e assim todos querem seu pedaço antropofágico
do que puder pegar nessa tal de democracia, afinal , esse é o jeitinho
brasileiro.
Não se quer desmerecer esse método de seleção para
cargos públicos, que ainda é um dos mais efetivos dentre tantos outros já
propostos ao longo da história, somente alertar que ao lado dele restou a
eleição e essa geração que nasceu tão acostumada a criticar
o sistema eleitoral e os demagogos que dele fazem uso para se
autofavorecerem é a mesma que segue seus
passos.
Como resultado dessa deturpação que se faz nas
instituições com a benção da esperteza e do jeitinho
brasileiro é que se tem a falta de profissionalismo no serviço público e
consequentemente da polícia.
Profissionalizar a policia passa necessariamente por
desmistificar essa postura, repreendê-la veementemente, fortalecer a
instituição e consequentemente oferecer um serviço digno do qual cada servidor
possa se orgulhar do trabalho que sua corporação faz.
Renato Fernandes
Delegado de Polícia
Nenhum comentário:
Postar um comentário