quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A necessária profissionalização


É uma constatação muito óbvia a má presteza do serviço público nas diversas instituições de nosso país, na terra do jeitinho brasileiro, das piadas e ditos  infames.
Faz-se desse quadro um seriado humorístico, cuja piada ninguém entende, mas faz questão de endossar criticamente, afinal é muito fácil rir, se passar por sagaz, vociferar, latir como um pitbull e depois deitar com a consciência tranquila junto a um sorriso aprovado pelos pares.
Firma-se deste modo uma performance social de bom samaritano, mas o bizarro está, em depois disso tudo, de todo esse desdém, almejar para si ou para seu filho, um cargo público afim de repetir a mesma coisa, esbravejando um monte de asneiras com toda a revolta do mundo e sentido-se injustiçado, repetindo a crítica mais rasa, porém a mais conveniente de que a culpa de tudo está nos políticos corruptos deste país.
O amadorismo da polícia está intrinsicamente ligado a isso, afinal integrar essa instituição ou qualquer outra é o objetivo daquele indivíduo que está nas cadeiras dos cursinhos preparatórios (estes cada vez mais profissionais) para se dar bem na vida ao ingressar em um cargo público, qualquer que seja.
Aliado a isso temos uma formação policial que deixa a desejar e dissemina uma série de mitos e vícios, perpetuando um quadro catastrófico instaurado há muito tempo, mas que ainda causa espanto e surpresa quando retaliado em matérias cinematográficas de telejornais.
Infelizmente o policial, embora não se enxergue, faz parte de todo esse ciclo vicioso, que não lhe é exclusivo, mas abrange todas as instituições do nosso Estado cleptocrático ou melhor Democrático de Direito, pois as premissas são as mesmas e assim todos querem seu pedaço antropofágico do que puder pegar nessa tal de democracia, afinal , esse é o jeitinho brasileiro. 
Não se quer desmerecer esse método de seleção para cargos públicos, que ainda é um dos mais efetivos dentre tantos outros já propostos ao longo da história, somente alertar que ao lado dele restou a eleição  e essa  geração que nasceu tão acostumada a criticar o sistema eleitoral e os demagogos que dele fazem uso para se autofavorecerem  é a mesma que segue seus passos.
Como resultado dessa deturpação que se faz nas instituições com a benção da esperteza e do jeitinho brasileiro é que se tem a falta de profissionalismo no serviço público e consequentemente da polícia.
Profissionalizar a policia passa necessariamente por desmistificar essa postura, repreendê-la veementemente, fortalecer a instituição e consequentemente oferecer um serviço digno do qual cada servidor possa se orgulhar do trabalho que sua corporação faz.

Renato Fernandes
Delegado de Polícia



Nenhum comentário:

Postar um comentário