quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Investigado em operação contra corrupção, ex-comandante da PM é preso pela segunda vez no Rio. E agora Dr. Paulo Rangel?


  • Bruno Gonzalez/Ag. O Globo
    Beltrami em foto de 19 de dezembro do ano passado
    Beltrami em foto de 19 de dezembro do ano passado
O ex-comandante do 7º Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro (São Gonçalo), coronel Djalma Beltrami, foi preso pela segunda vez no início da noite desta quinta-feira (12). O policial militar era um dos investigados na operação Dezembro Negro, que tinha o objetivo de prender PMs corruptos.

A Corregedoria Geral Unificada (CGU) não informou nem o motivo da nova prisão nem o local no qual ele foi encontrado. Em nota, a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Seseg) informou que só vai comentar o caso após a conclusão do processo.

Beltrami, que também já trabalhou como árbitro de futebol, foi preso pela primeira vez em dezembro do ano passado, porém acabou sendo liberado depois de conseguir um habeas corpus. De acordo com a Seseg, o novo mandado de prisão contra o ex-árbitro foi expedido pelo juiz da 2ª Vara Criminal de São Pedro D'Aldeia, Márcio da Costa Dantas.

O oficial ficará preso em um dos quartéis da Polícia Militar - a secretaria ainda não definiu qual. Desde que o seu nome apareceu como o suposto líder de um esquema de pagamento de propina a policiais militais, ele decidiu se afastar do comando do 7º BPM. Atualmente, o policial militar realizava serviços administrativos na Diretoria Geral de Pessoal.

Antes de deixar o cargo de comandante, Beltrami declarou à imprensa que estava "saindo para dar tranquilidade" aos seus familiares e aos responsáveis pelas investigações. Além disso, afirmou que "nunca recebeu propina na vida" e disse "morar de aluguel na Baixada Fluminense".

Segundo o coronel, todas as informações referentes ao período no qual esteve à frente do batalhão foram disponibilizadas para as autoridades.

Ele tinha assumido o comando do 7º BPM em setembro do ano passado, quando substituiu o tenente-coronel Cláudio Oliveira - acusado de ser o mandante do assassinato da juíza Patrícia Acioli, em agosto de 2011.

"Zero um"

De acordo com as investigações, o grupo de PMs corruptos lucrava cerca de R$ 160 mil mensais. A Polícia Civil identificou Beltrami como o chefe do esquema a partir da análise de escutas telefônicas feitas com autorização da Justiça.

Em um trecho de uma conversa entre um PM do 7º BPM e um traficante, o policial faz referência a um suposto "zero um", que seria o líder.

Outros dez policiais militares foram presos durante a operação Dezembro Negro, deflagrada no fim do ano passado pela Divisão de Homicídios de Niterói.

O habeas corpus expedido a favor de Beltrami foi assinado pelo desembargador Paulo Rangel, da 3ª Vara Criminal. No texto da decisão, o magistrado afirmou, sobre o trabalho da Polícia Civil: "Estão brincando de investigar".

"(...) Só que esta brincadeira recai, no direito penal, nas costas de um homem que, até então, é sério, tem histórico na polícia de bons trabalhos prestados e vive honestamente".

De acordo com o magistrado, "a autoridade policial não cumpriu a lei ao elaborar relatório conclusivo da investigação", isto é, a acusação teria sido fundamentada em uma versão pessoal (do delegado Alan Luxardo, da DH de Niterói) sobre os fatos.

"E aqui está o perigo: a versão da autoridade policial colocou, até então, um inocente na cadeia", afirmou.

Entenda o caso

De acordo com a investigação da Polícia Civil, Beltrami era o principal articulador de um esquema de pagamento de taxas (o popular "arrego") a PMs do 7º BPM para que não houvesse repressão ao tráfico de drogas no morro da Coruja.

A principal prova apresentada pela Divisão de Homicídios de Niterói, responsável por conduzir os trabalhos, é uma escuta telefônica --autorizada pela Justiça-- na qual um policial militar e um criminoso conversam sobre o esquema.

Em um trecho do diálogo, o PM faz referência a um indivíduo conhecido como "zero um", que supostamente estaria à frente das negociações entre o grupo de policiais e os narcotraficantes. Na versão da Polícia Civil, o "zero um" é Djalma Beltrami.

Já o desembargador Paulo Rangel, que expediu o habeas corpus em favor de Beltrami, argumentou que "zero um pode ser o Comandante Geral, pode ser o Prefeito, pode ser o amigo do policial que está no comando da guarnição, enfim... ‘zero um’ pode ser qualquer pessoa", de acordo com o texto da decisão.

As acusações contra os PMs são baseadas nas investigações que resultaram na operação Dezembro Negro. Dos 26 mandados de prisão, a polícia conseguiu deter 11 policiais, dentre os quais Djalma Beltrami, e sete suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas.

Segundo a polícia, os PMs do 7º BPM cobravam propina para que não houvesse repressão ao tráfico de drogas na Coruja, na comunidade Marítimas, na favela Nova Brasília, entre outras localidades.

Além do possível envolvimento de policiais militares com o tráfico de drogas das comunidades de São Gonçalo, as investigações para a Operação Dezembro Negro incluem informações sobre supostos homicídios que não foram investigados.
noticiasuol.com.br


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http://delegadodepoliciama.blogspot.com/2011/12/vale-pena-conferir-resposta-dos.html

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