quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Quarenta segundos. Foi o tempo que a PC-RJ levou para localizar e matar o braço direito de Fernandinho beira-mar




Quarenta segundos. Foi o tempo necessário para que o traficante Marcelo da Silva Leandro, o Marcelinho Niterói, 31 anos, fosse localizado e morto próximo à Rua Larga, na Favela Parque União, no Complexo da Maré, por equipe do helicóptero Águia 1, da Polícia Civil. Ele levou dois tiros na cabeça e não teve tempo de reagir, embora a polícia afirme que seus seguranças fizeram disparos. Marcelinho tinha vários mandados de prisão pendentes. Ele saiu da cadeia em 2005, quando obteve benefício de liberdade condicional e sumiu.


A operação foi cinematográfica e acompanhada em tempo real por agentes da inteligência. Cada movimentação do braço direito de Fernandinho Beira-Mar, na terça-feira à noite, foi vigiada. Os policiais sabiam até detalhes do que o bandido foragido vestia: o alvo estaria de bermuda bege e levava uma mochila nas costas.
O detalhamento foi resultado de uma investigação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), da Polícia Federal (PF). A captura do traficante, no entanto, precisou contar com o apoio das polícias Militar e Civil.

As informações eram tão precisas quanto sigilosas. A área da favela em que Marcelinho Niterói iria circular na terça-feira já estava sendo monitorada, do ar, pelo helicóptero Águia 2, com câmeras com sensor infravermelho desde as 17h45, a um quilômetro e meio de altura. O espião noturno (Águia 2) passava informações para um ‘gabinete’ em solo formado por agentes da PF e da Civil. As informações eram, então, enviadas ao Águia 1, para que se posicionasse no melhor ângulo para capturar o bandido.


O criminoso só chegou à rua, onde encontrou cinco homens, às 20h56. Começou a corrida contra o tempo. Dois minutos depois, Marcelinho entrou num bar. Foi dado o sinal para que o Águia 1— que estava em base próxima, de prontidão —, com quatro atiradores de elite, se aproximasse.
Foi o começo da operação ‘cirúrgica’, em que o menor deslize colocaria fim à investigação. A cerca de 15 metros de altura, homens do Águia 1 fizeram disparos com fuzis 7.62. Quarenta segundos depois, Marcelinho estava morto, de barriga para baixo na rua. Às 21h, homens do Bope e da PF chegaram ao local. Tiraram mochila do corpo do traficante e o arrastaram para perto da calçada.

Águia foi escolhido por ser mais leve e menos barulhento

Surpreendido pelo ar, Marcelinho Niterói não desconfiava que estava sendo vigiado por espião a mais de mil metros de altura. A escolha do helicóptero Águia da Polícia Civil e não do ‘caveirão voador’ tinha razão de ser: a aeronave faz menos barulho, é mais ágil e pesa três mil quilos a menos do que o outro modelo, por ter menos blindagem.

Na mochila que carregava quando foi morto havia 2.630 gramas de cocaína, 12 sacolés com crack, 6 modelos de fotos 3x4 do traficante e R$ 20.205, segundo a polícia. Parte do dinheiro estava no bolso do bandido. As notas ficaram sujas de sangue. A polícia crê que Marcelinho pretendia usar as fotos para fazer documentos falsos - ele estava com uma blusa diferente em cada imagem.

Há suspeitas que o motorista do traficante seja um policial civil. Ele estaria na instituição há apenas três anos. As relações de Marcelinho Niterói eram amplas. Ele tinha fazenda no Paraguai, onde abrigava traficantes. Luiz Claudio Serrat Correa, o CL, chefe do Cajueiro, foi um bandido que o ‘visitou’. Naquele mesmo país, dia 20, Alexander Mendes da Silva, o Polegar, apontado como chefe do tráfico no Morro da Mangueira, foi preso.

A polícia chegou perto de pegar o sócio de Beira-Mar recentemente. A mulher de Marcelinho, conhecida como Graci, morava no Parque União. Os dois se casaram numa cerimônia no Complexo do Alemão. Em setembro, o casal foi à Terê Fantasy — festa à fantasia em Teresópolis —, mas conseguiram fugir do cerco da polícia.
Fonte: O Dia

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